Delegado afirma que presos catarinenses transferidos são mandantes.
Facção criminosa enviou recado de penitenciária da Grande Florianópolis.
O Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) confirmou que a ordem para a terceira onda de ataques em Santa Catarina foi dada por detentos catarinenses que foram transferidos para o Presídio Federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte. Segundo a Polícia Civil, a mensagem de ataques foi recebida por integrantes da facção criminosa do Complexo Penitenciário de São Pedro de Alcântara, na Grande Florianópolis, e retransmitida para membros de todo o estado.
A Polícia Militar divulgou na manhã desta quinta-feira (2) que 52 ocorrências relacionadas aos ataques foram registradas desde sexta-feira (26). Dois suspeitos morreram em confronto e um agente penitenciário foi morto. No total, 21 suspeitos foram presos e oito adolescentes apreendidos. A PM registra casos como incêndios a ônibus, tiros contra bases de prédios da segurança pública, casas de policiais e viaturas.
O delegado responsável pela divisão de repressão ao crime organizado da Deic, Procópio Silveira Neto, confirma a ordem e a comunicação entre os presos de Mossoró e Santa Catarina. "Ocorre [a comunicação] porque em Mossoró é uma penitenciária padrão, uma penitenciária federal. Uma simples ordem pode ser dada por uma acompanhante íntima por voz. É impossível você conter", afirma. "[As ordens partiram] de Mossoró para São Pedro de Alcântara e daí se difundiram para rua", complementa.
RECADO EM ÁUDIO
Um preso da Penitenciária de São Pedro de Alcântara, na Grande Florianópolis, gravou um áudio como porta-voz de uma facção criminosa com orientações aos seus integrantes. A veracidade da gravação foi comprovada pela cúpula de segurança pública do estado. O áudio foi gravado no dia 10 de setembro, duas semanas antes do início da onda de ataques no estado. O delegado da Deic alega que o áudio pode ter saído da penitenciária através de um microchip via advogados ou familiares.
Um preso da Penitenciária de São Pedro de Alcântara, na Grande Florianópolis, gravou um áudio como porta-voz de uma facção criminosa com orientações aos seus integrantes. A veracidade da gravação foi comprovada pela cúpula de segurança pública do estado. O áudio foi gravado no dia 10 de setembro, duas semanas antes do início da onda de ataques no estado. O delegado da Deic alega que o áudio pode ter saído da penitenciária através de um microchip via advogados ou familiares.
Em um dos trechos, o porta-voz da facção criminosa fala da situação dos presos transferidos para o Nordeste. "Centenas de irmãos e seus familiares foram condenados pelas ações 2012, 2013 contra o governo. E hoje, depois de representar toda a nação, eles se encontram sem um advogado para se defender e trabalhar em cima de suas condenações. Hoje ainda temos 22 irmãos na Penitenciária Federal Mossoró (Rio Grande do Norte), há mais de um ano, e até então não tivemos condições de dar um apoio e as condições necessárias".
Em outra parte, a alegação é da falta de estrutura nos presídios federais. "Aqui na torre SPA (Penitenciária de São Pedro de Alcântara) não é diferente. Setenta por cento dos irmãos não têm visita, não temos trabalho. (...) Nossa realidade é de miséria, somente passando com a ração do governo. E muitas das vezes temos que recorrer aos poucos irmãos que têm uma visitinha para conseguir um sabonete ou creme dental. Na Penitenciária Sul (Criciúma) a situação é ainda pior". No mesmo áudio, ele ainda traz detalhes sobre a articulação e financiamento da facção.
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