Operação Ostentação prendeu quadrilha no fim de julho (Foto: Reprodução/Polícia Civil) |
Policial militar e outras 20 pessoas integram a denúncia do órgão.
Grupo agia na Zona Sul e foi desarticulado em julho deste ano.
O Ministério Público denunciou uma policial militar e outras 20 pessoas
por tentativa de homicídio, roubo a veículos, corrupção de menores,
assaltos a residências e lojas, receptação, clonagem de veículos e
tráfico de drogas. A quadrilha agia na Zona Sul de Porto Alegre
e teve 22 integrantes presos em julho na Operação Ostentação, da
Polícia Civil. Ao menos 35 pessoas teriam sido atingidas pelo grupo.A denúncia é assinada pela promotora Guacira Almeida Martins. Entre os denunciados está a policial militar Raila Graciel Ferraz Saraiva, namorada de um dos chefes da organização, Gustavo Maineri da Silva. Entre março e julho deste ano, Raila era responsável por informar a quadrilha os locais de patrulhas da Brigada Militar.
As investigações mapearam as atividades da quadrilha desde 2013 e identificaram que um dos integrantes foi reconhecido como autor de 17 crimes, entre roubo de carros e assaltos a residências. Nas redes sociais, o grupo exibia o dinheiro obtido com atividades ilícitas, armas e até desafiavam as autoridades.
Operação Ostentação quadrilha Porto Alegre RS (Foto: Reprodução/Polícia Civil) |
Entenda
Desencadeada no dia 29 de julho, a operação contou com 300 policiais civis. No total, foram cumpridos 52 mandados de busca e apreensão e 31 mandados de prisão em Porto Alegre e na Região Metropolitana. Porém, nove bandidos que aparecem nas fotos continuam foragidos.
De acordo com a polícia, a especialidade do bando era roubo de carros. “Cada carro roubado era vendido pelo valor de R$ 2 a R$ 3 mil. Eles chegaram a roubar em um final de semana, na verdade em um dia, num sábado, 14 veículos”, afirma o delegado Luciano Peringer.
Todas as ações aconteciam de forma rápida e sempre da mesma maneira. Imagens feitas por câmeras de segurança flagraram um dos roubos. No vídeo, uma família aparece entrando no carro. Logo em seguida, outros dois carros chegam em alta velocidade. Os bandidos saltam e ordenam a retirada dos passageiros. Eles entram e arrancam com o automóvel roubado.
Desta vez ninguém saiu ferido. Entretanto um policial militar que foi rendido pelos bandidos durante um assalto chegou a levar dois tiros ao tentar reagir. "Eu ouvi que ele falou assim: 'Atira e mata, que é polícia'. Ele encostou o revólver no pescoço e efetuou o disparo. E, mesmo assim, eu caído, ele me deu mais um tiro na cabeça”, ele lembra.
Além de carros, os bandidos também assaltavam casas, lojas e até um banco, de onde foram levados cerca de R$ 280 mil. Tudo que conseguiam levar ia parar nas redes sociais. Os criminosos faziam questão de postar fotos mostrando o fruto dos roubos: joias, armas, relógios de ouro e muito dinheiro.
Um deles aparece botando fogo em várias notas de R$ 100. Nem o gato de um dos bandidos escapou, com um cordão de ouro e deitado numa cama de notas de dólares. A ousadia era tanta que um deles aparece vestindo uma camisa da polícia com o comentário: “Eu sou a lei”.
Foi justamente tanta ostentação que ajudou a polícia a identificar os criminosos. Uma das vítimas reconheceu os objetos roubados pelas postagens na internet. “este relógio é meu e aquele monitor também”, diz ela, apontando para a foto. “Na outra foto o mesmo criminoso estava utilizando o meu antigo relógio. E comecei a acompanhar o dia a dia deles. É um diário do crime. É muita ostentação”, acrescenta a vítima.
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