quinta-feira, setembro 11, 2014

GUERRA:.....Como pode ser explicada a violência extrema do Estado Islâmico?

execução coletiva realizada por militantes do grupo rebelde Estado Islâmico
O Estado Islâmico (EI), grupo radical elevado à categoria de nova ameaça global, é conhecido pela agressividade com que trata os adversários. Mas a crueldade de seus atos pode ser explicada?

Nos últimos meses, o grupo tornou-se sinônimo de brutalidade – decapitações, crucificações, apedrejamentos e genocídios pautam as ações. Militantes enterram vítimas vivas e promovem todo tipo de limpeza religiosa e étnica no Iraque e na Síria, onde atuam.

Mas enquanto a selvageria pode parecer insensível para a vasta maioria dos seres humanos civilizados, para o EI trata-se de uma escolha racional. É uma decisão consciente aterrorizar os inimigos, além de impressionar e cooptar novos recrutas. O Estado Islâmico é adepto da doutrina de guerra total sem limites e restrições – não há, por exemplo, arbitragem ou transigência quando se trata de solucionar disputas mesmo com rivais islamitas sunitas. E, ao contrário da organização que lhe deu origem, a al-Qaeda, o EI não recorre à teologia para justificar seus crimes.

A violência tem suas raízes no que pode ser identificado como "duas ondas", à luz da escala e intensidade da brutalidade do EI.

A primeira onda, liderada por discípulos de Sayyid Qutb – um islamita egípcio radical considerado o teórico supremo do jihadismo moderno -, tinha como alvo regimes árabes seculares pró-Ocidente ou o que eles chamavam de "inimigo próximo", e, no geral, demonstravam moderação no uso da violência política.

Após o assassinato do presidente egípcio Anwar Sadat, em 1980, essa insurgência islamita foi dissipada até o final dos anos 90 a um custo de 2 mil vidas. Muitos dos militantes haviam seguido para o Afeganistão nos anos 80 para combater um novo inimigo global – a União Soviética.

'Máquina mortífera'

A jihad ("guerra santa") afegã contra os soviéticos deu origem à segunda onda que, mais tarde, ganhou um alvo específico – o "inimigo distante": os Estados Unidos, e em menor grau, a Europa.

Essa segunda onda foi encabeçada por um multimilionário saudita que virou revolucionário, Osama Bin Laden.

Bin Laden fez um grande esforço para racionalizar o ataque da al-Qaeda aos Estados Unidos em 11 de setembro de 2001, chamando-o de "jihad defensiva", ou retaliação contra a dominação americana das sociedades muçulmanas.

Estados Unidos

Ao explorar a brecha entre sunitas e xiitas no Iraque e o aprofundamento da guerra civil sectária na Síria, al-Baghdadi construiu uma poderosa base de apoio entre sunitas rebeldes e fundiu seu grupo nas comunidades locais.

Ele também reestruturou sua rede militar e cooptou militares experientes do antigo Exército de Saddam Hussein que acabaram por transformar o EI em uma força de combate sectária profissional.

Até agora, o EI vem focando nos xiitas e não no "inimigo distante". A luta contra os EUA e a Europa está distante e não é uma prioridade: é preciso, primeiro, aguardar a libertação em casa.

No auge de bombardeios israelenses de Gaza em agosto, militantes criticaram o EI nas redes sociais por matar muçulmanos enquanto não faziam nada para ajudar os palestinos.

O EI reagiu dizendo que a luta contra os xiitas têm prioridade sobre todo o resto.

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