O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, quer o apoio do Congresso para armar e treinar grupos rebeldes que lutam contra o regime do ditador sírio Bashar al Assad para que enfrentem os jihadistas do EI (Estado Islâmico).
"Esta noite, peço ao Congresso que nos dê mais autoridade e recursos para treinar e equipar os combatentes"
Obama também anunciou a formação de uma coalizão para lidar com o problema do terrorismo na região considerada problemática "pelos Estados Unidos e seus aliados" --o Oriente Médio e o norte da África, nas palavras do presidente americano--, sem anunciar quais países participariam do esforço conjunto.
Em discurso à nação nesta quarta-feira (10), Obama afirmou que os Estados Unidos não podem "contar com a ajuda de Assad para enfrentar esta ameaça", e que o ditador "tem o sangue de seu próprio povo nas mãos".
Estratégia dos EUA para enfrentar o EI terá quatro pilares
Obama afirmou que irá manter a estratégia de bombardear alvos do EI no Iraque e disse que a campanha aérea também irá se estender até a Síria: "não haverá lugar seguro para os terroristas. Iremos destruir o EI onde quer que estejam"."Já conduzimos mais de 150 ataques aéreos no Iraque. Destruímos armas e matamos terroristas. Os ataques ajudaram a salvar a vida de milhares de homens, mulheres e crianças", disse.
O domínio aéreo americano no Iraque permitiu que os caças realizassem operações contra alvos jihadistas sem sofrer nenhuma baixa.
O segundo pilar será o aumento da presença americana para combater a organização terrorista.
O presidente americano anunciou o envio de mais 475 conselheiros militares para o Iraque, que devem auxiliar as tropas locais com treinamento e informações, e reiterou que nenhuma tropa americana se envolverá em conflitos terrestres.
"Não podemos fazer pelo Iraque o que o Iraque precisa fazer ele mesmo", afirmou o presidente norte-americano.
O reforço, que vem na forma de "inteligência militar" e não na presença maciça de tropas terrestres, será a base do terceiro pilar, que é o aumento das ações de inteligência militar conjunta dos EUA e das forças iraquianas para prevenir ataques do EI.
O auxílio humanitário destinado a minorias religiosas perseguidas pela organização terrorista é o quarto pilar do plano anunciado por Obama contra o EI. Entre as minorias que verão a ampliação da ajuda estão cristãos e mesmo grupos muçulmanos perseguidos pelo EI.
"Na próxima reunião do Conselho de Segurança das Nações Unidas vamos começar a trabalhar com a coalizão que irá nos apoiar na luta contra os terroristas", disse.
Estado Islâmico "não é islâmico"
Obama afirmou também que o EI não é "nem islâmico" e "nem um Estado". "Nenhuma religião apoia a morte de inocentes", afirmou. Segundo Obama, o grupo "era uma afiliada da Al Qaeda que se aproveitou da situação na Síria e no Iraque para dominar territórios"."A região já viu muito derramamento de sangue, e mesmo nesse ambiente o EI se destaca pela violência contra inocentes e crianças", afirmou.
Ameaça aos EUA
De acordo com o presidente, "ainda não há nenhuma evidência de que o EI planeja atacar os Estados Unidos", mas que o grupo "representa uma ameaça para nossos cidadãos na região, além de ameaçar a estabilidade e a segurança de nossos aliados".Obama também citou os dois jornalistas americanos decapitados por militantes do grupo jihadista em agosto. As imagens foram divulgadas nas redes sociais.
O discurso do presidente foi feito um dia antes do aniversário de 13 anos dos ataques de 11 de setembro de 2001.
O discurso de Obama aconteceu após a ida de John Kerry, secretário de Estado americano, ao Iraque. O condutor da política externa do governo Obama elogiou os planos do novo governo para delegar mais poderes à minoria sunita e construir relações melhores com os curdos.
Muitos sunitas que se sentem marginalizados pela administração liderada pelos xiitas, anteriormente apoiada pelo Estado islâmico.
Kerry afirmou que o novo governo iraquiano tinha de ser o "motor" para a luta global contra o EI. (com agências internacionais)
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