Homem cruza a avenida 9 de Julio, no centro de Buenos Aires, que amanheceu com pouco movimento devido à greve geral (Foto: Natacha Pisarenko/AP) |
"Mais de 1 milhão de trabalhadores cruzaram os braços", contabilizou Juan Carlos Schmid, secretário-geral de um sindicato de trabalhadores do setor de dragagem. Segundo ele, a paralisação "é muito forte". Já o chefe de gabinete do governo argentino, Jorge Capitanich, considerou o movimento "um grande piquetaço", liderado por sindicalistas que fazem parte da oposição à presidente Cristina Kirchner.
Os grevistas dizem que o governo argentino subestima o movimento e ignora a realidade, na qual 35% dos trabalhadores do país não estão oficialmente registrados. Os sindicatos querem negociações salariais sem teto máximo, aumento para os aposentados, revogação do imposto aplicado aos salários e distribuição de fundos que o Estado deve aos prestadores de saúde dos sindicatos.
Pela manhã, piquetes feitos em vias de Buenos Aires terminaram em confronto entre manifestantes de esquerda e policiais que tentavam dispersá-los. Desde a madrugada, grupos mais radicais de esquerda formavam piquetes nas principais rotas de acesso à capital argentina.
Segundo o jornal "Clarín", a rota Panamericana, que dá acesso a Buenos Aires, amanheceu bloqueada. Policiais foram para o local e houve confronto. Os policiais dispararam balas de borracha, enquanto alguns manifestantes responderam.
Confronto
Pelo menos uma pessoa foi detida na confusão. Segundo o jornal "La Nación", pelo menos duas pessoas (um manifestante e um policial) ficaram feridas e foram socorridas. Após o momento de tensão, a situação se acalmou na região.
A greve geral desta quinta-feira começou com a interrupção das atividades nos postos de combustível e no transporte público, setor-chave para que a ação sindical tenha êxito em um país com 40 milhões de habitantes.
Em entrevista coletiva, o chefe de gabinete do governo argentino, Jorge Capitanich, afirmou que os organizadores da paralisação "pretendem sitiar os grandes centros urbanos com um grande piquete nacional", em referência aos 40 cortes e bloqueios de vias estabelecidos em todo o país.
Polícia faz barreira contra manifestantes em Buenos Aires em dia de greve geral na Argentina (Foto: Victor R. Caivano/AP) |
Veja acima o relato do correspondente da GloboNews em Buenos Aires, Ariel Palacios
Os voos da TAM que chegam e saem do aeroporto de Ezeiza, também em Buenos Aires, não foram prejudicados, assim como os da cidade de Rosário, informou a companhia aérea.
Já a Gol, que também realiza partidas diárias para a Argentina, informou que seis voos com destino e ponto de partida do Aeroparque foram afetados, mas que voos para Córdoba, Rosário e para o aeroporto de Ezeiza não foram afetados pela greve.
A Gol afirmou em nota que "não está medindo esforços para minimizar os impactos a seus clientes", enquanto a TAM lamentou os transtornos e afirmou que "prestará toda a assistência necessária aos clientes".
As companhias aéreas Aerolíneas Argentinas, Austral, LAN e outras empresas privadas interromperam suas operações nesta quinta-feira, confirmou o titular da Associação de Técnicos Aeronáuticos (APTA), Ricardo Cirielli, à rádio local Continental.
A chilena LAN, que conta com quase 30% do mercado doméstico argentino, "viu-se na obrigação de cancelar todos os voos dentro da Argentina e alguns internacionais devido à greve", explicou a empresa.
Reivindicações
O protesto, ao qual aderiram sindicatos de transportes públicos e importantes associações de caminhoneiros e servidores, reivindica reajuste dos salários e redução dos altos impostos que incidem sobre a renda dos trabalhadores, após uma desvalorização do peso argentino de 35% em 12 meses.
Os principais portos argentinos, como os de Rosário e Formosa, permanecem sem atividades, pois o sindicato do setor também aderiu à greve. No restante do país, o movimento prejudica principalmente o transporte urbano, a coleta de lixo e os postos de gasolina. Em algumas províncias, como Córdoba, Santa Fé e San Juan, a paralisação do transporte também atingiu colégios e hospitais.
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