quarta-feira, agosto 14, 2013

INTERNACIONAL:Exército massacra 235 partidários de Morsi e decreta emergência no Egito.

Ao menos 278 pessoas morreram, incluindo 43 policiais, e mais de 2.000 ficaram feridas, segundo o Ministério da Saúde, na onda de violência causada pelo massacre. A situação se espalhou pelo país e o governo interino decretou estado de emergência. O vice-presidente Mohamed ElBaradei renunciou ao cargo em protesto contra o derramamento de sangue.

 o menos cinco líderes da Irmandade Muçulmana foram presos e bancos e demais instituições financeiras foram fechados.  O estado de emergência entrou em vigor às 16h (11h no horário de Brasília) em 11 das 27 províncias egípcias. "Quem violar essas ordens será preso", disse um porta-voz do governo em comunicado lido na TV estatal.

 como forma de protesto. "Os beneficiários do que aconteceu hoje são aqueles que pedem por violência, terrorismo e os grupos mais extremistas.Como você sabe, eu acreditava que havia maneiras pacíficas de encerrar este confronto na sociedade, havia soluções propostas e aceitáveis... que nos levariam ao consenso nacional", escreveu. "Ficou difícil para mim continuar a ter responsabilidade por decisões com as quais eu não concordo e cujas consequências eu temo. Não posso carregar a responsabilidade por um derramamento de sangue."


A operação começou às 7h, no horário local. Testemunhas dizem ter ouvido tiros de fuzis enquanto uma nuvem branca de bombas de gás lacrimogêneo se misturava com a fumaça preta de pneus queimados pelos manifestantes. A menor das duas concentrações de partidários da Irmandade, na Praça Nahda, perto da Universidade do Cairo, foi dispersada primeiro.
A polícia reprimiu outra mobilização, essa maior, na mesquita Rabaa al-Adawiya, no subúrbio de Nasr City. Para defender o local, membros da Irmandade ergueram barricadas nas ruas e lançaram coquetéis molotov e pedras contra a polícia.
"Isso é sórdido, eles estão destruindo nossas barracas. Nós não podemos respirar e muitas pessoas estão no hospital", disse Ahmed Murad, membro da Irmandade Muçulmana, no limite do acampamento, onde o grupo tinha colocado sacos de areia na expectativa de uma invasão policial.
Imagens de televisão egípcia mostraram médicos usando máscaras de gás e óculos de natação enquanto tentavam tratar os feridos.
O governo defendeu a operação. O porta-voz do Conselho de Ministros Sherif Shauqi leu um comunicado do Executivo no qual afirmou que perseguirão "os arruaceiros" para proteger as propriedades do povo. Além disso, o governo pediu à Irmandade Muçulmana que pare de estimular seus seguidores a prejudicarem a segurança nacional.
"O executivo atribuirá aos dirigentes da Irmandade Muçulmana a responsabilidade total de qualquer sangue derramado e de todo o caos e a violência atual", advertiu o porta-voz.
O ministro do Interior interino, Mohammed Ibrahim, justificou a ação dizendo que "foram dadas todas as chances para uma solução diplomática", mas os partidários de Morsi não se retiraram das ruas. "Nós não vamos mais permitir qualquer cidadão acampado em qualquer lugar do país", finalizou Ibrahim.
Mortos. O Ministério da Saúde afirmou que pelo menos 235 civis foram mortos e mais de 2.000 ficaram feridos. Segundo Ibrahim, 43 policiais também morreram e 211 foram feridos nos confrontos desta quarta-feira.

Houve relatos ao longo do dia de ataques de grupos islamistas a igrejas cristãs coptas em várias províncias do sul do Egito, que seriam uma retaliação à ofensiva do Exército contra a Irmandade Muçulmana.
Os confrontos se espalharam para outras cidades, como Alexandria e Fayoum. Ali, partidários de Morsi atacaram pelo menos duas delegacias de polícia e incendiaram veículos policiais em frente a uma delas, disseram testemunhas. Também houve confrontos em frente ao gabinete do governador provincial.
Um cinegrafista britânico do canal Sky News foi morto nos protestos. Mick Deane tinha 61 anos e já tinha trabalhado como correspondente nos EUA, além do Egito. Segundo o canal, o resto da equipe não foi ferida. O premiê-britânico David Cameron lamentou a morte de Deane.
Outra jornalista, de Dubai, também morreu ao cobrir os protestos. Habiba Ahmed Abd Elaziz, 26 anos, levou um tiro perto de uma mesquita no Cairo. O jornal disse que ela estava em férias e não cobria os protestos para a Xpress, publicação que integra o grupo e para a qual ela trabalhava.
O repórter egípcio Ahmed Abdel Gawad, do jornal estatal Al Akhbar, também foi morto perto de Rabaah al-Adawiya. O sindicato de jornalistas egípcio confirmou a morte de Gawad, mas não informou como ocorreu.
A dura repressão policial reflete a divisão na sociedade egípcia entre os islamistas partidários da Irmandade Muçulmana e grupos seculares que defendem o golpe de Estado dado pelos militares contra Morsi em julho. A operação aconteceu após o fracasso de esforços internacionais para mediar um fim a um período de seis semanas de impasse político. / NYT, REUTERS e EFE


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