sexta-feira, agosto 23, 2013

ESPAÇO:Dez anos após acidente, Brasil ainda sonha em lançar foguete nacional 75.


A torre de lançamento na base militar de Alcântara, no Maranhão, foi modernizada há pouco mais de um ano, mas ainda espera sua grande estreia: o lançamento bem sucedido de um foguete de tecnologia brasileira.
O VLS-1 (Veículo Lançador de Satélites) pegou fogo há exatos dez anos, ainda na plataforma, onde trabalhavam 21 homens nos últimos ajustes do foguete. Faltavam apenas três dias para o lançamento quando a equipe foi surpreendida às 13h26 do dia 22 de agosto de 2003, com o equipamento de 50 toneladas entrando em ignição. E quando ele tentou voar, queimando o combustível das quatro fases, ele levou junto a estrutura montada ao seu redor, que só é retirada antes do lançamento, e matou todos os funcionários.

Karime Xavier/Folhapress
Doris Maciel, coordenadora da Associação de Viúvas das Vítimas de Alcântara, segura bandeira estendida sob o caixão de seu marido


Nos dois testes anteriores, feitos em 1997 e 1999, os motores, o sistema elétrico e de controle funcionaram normalmente, mas o foguete não chegou a completar sua missão. Problemas técnicos e distintos impediram que os satélites de dados e científicos, a chamada carga útil, fossem colocados em órbita, afirma a IAE (Instituto de Aeronáutica e Espaço), que é responsável pela fabricação dos foguetes nacionais.
Isso significa que o erro do primeiro protótipo não foi repetido na segunda tentativa de voo, e nenhuma das duas apontou a falha na ignição que causou o desastre anos mais tarde, em 2003.


Concluída em 2005, a investigação da comissão internacional não chegou a apontar culpados ou explicar o que ocorreu de fato com a ignição - o laudo da Aeronaútica, que conduziu o inquérito policial, apenas descartou sabotagem. Mas o relatório final do grupo indicou a necessidade da modernização da plataforma, dando novos rumos para o programa espacial brasileiro.
"Em projetos complexos como esses, como é um lançamento de um foguete, vários países aprenderam muito com seus acidentes. Os casos dos ônibus espaciais Challenger e Columbia, que causaram grande comoção no mundo todo, ajudaram a Nasa [Agência Espacial Norte-Americana] a revisar seus programas para evitar grandes acidentes", pondera o físico José Raimundo Coelho, presidente da AEB (Agência Espacial Brasileira).

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