terça-feira, agosto 18, 2015

INTERNACIONAL: Conheça o porta-aviões dos EUA que tenta derrotar o EI.

 Aviões de combate da Marinha decolam ruidosamente de um porta-aviões de propulsão nuclear que serve de apoio às tropas iraquianas que se aproximam de Ramadi, uma cidade da província de Anbar e que invadida por combatentes do Estado Islâmico em uma das piores derrotas da coalizão liderada pelos EUA.

Os voos de seis horas (ida e volta) fornecem cobertura aérea para as tropas iraquianas em terra, à medida que os pilotos de caça da Marinha e dos Fuzileiros Navais derrubam bombas em posições de combate do Estado Islâmico. Os pilotos norte-americanos destroem caminhões de grande porte, esconderijos de armas e matam combatentes. Nenhum alvo é pequeno demais: atacam até mesmo metralhadoras individuais.

No entanto, depois de dez semanas de campanha para retomar Ramadi, a cidade permanece sob controle do Estado Islâmico. Desde a queda da cidade, em maio, as forças iraquianas cortaram algumas rotas de reabastecimento no centro e avançaram para alguns subúrbios.

Na semana passada, em grande parte por causa dos ataques aéreos norte-americanos, as tropas iraquianas desmantelaram uma base de comando do Estado Islâmico. Elas retomaram a Universidade de Anbar, embora oficiais dos EUA não tenham certeza sobre a segurança de todo o campus.

Mas o coração urbano de Ramadi ainda é uma zona proibida, com combatentes do Estado Islâmico escondidos e ainda no controle da cidade, aparelhando bairros inteiros com explosivos.

A partir da pista de pouso do porta-aviões USS Theodore Roosevelt, é possível ver o maior paradoxo: não importa o quanto a campanha aérea dos EUA seja rápida, cara e avançada --e ela é tudo isso-- a guerra no Iraque continua sendo lenta e torturante.

Cerca de 65 aviões de combate --F/A-18 Hornets e F/A-18E Super Hornets armados com bombas teleguiadas a laser de 230 quilos, além de EA-18G Growlers para bloquear o radar inimigo-- cada um no valor de US$ 57 milhões. Eles partem um após o outro, lançados por catapultas, subindo para os céus do Golfo Pérsico, e rumam para suas missões no Iraque. Os F/A-18 podem viajar em até uma vez e meia a velocidade do som.

Mas eles têm de acompanhar a velocidade de seus parceiros em terra. No novo modelo dos EUA de fazer guerra, os parceiros não são soldados norte-americanos altamente treinados, com mais de uma década de experiência de combate no Iraque e no Afeganistão nos ombros, comunicando-se diretamente por telefone, em inglês, com os pilotos norte-americanos.

Eles são as forças de segurança iraquianas, que dizem para os seus comandantes iraquianos, em árabe, onde precisam dos ataques aéreos. Esses comandantes depois transmitem as informações para os centros de comando em Bagdá e Irbil, onde controladores norte-americanos então chamam os pilotos no ar, em um complicado telefone sem fio que pode acrescentar minutos cruciais em toda a empreitada.

Da cabine de seu caça F/A-18, alguns dias atrás, o capitão da Marinha Benjamim Hewlett, comandante da parte aérea do porta-aviões, disse que tinha assistido a um comboio de forças iraquianas avançar metro a metro, tortuosamente, por uma estrada nas imediações de Ramadi.

"Toda vez que você tem uma ameaça assimétrica como o EI, eles colocam armadilhas em tudo, e isso retarda o progresso", disse ele em uma entrevista a bordo do Roosevelt. Mas, acrescentou: "o oposto de lento e deliberado é rápido e descuidado, e então nem sempre as pessoas certas morrem." "Os iraquianos não estão interessados em destruir a Universidade de Anbar, e eles estão se colocando sob um risco enorme de modo a não fazer isso", disse ele.

O vice-almirante John W. Miller, comandante da 5ª Frota da Marinha no Bahrein, expressou algum otimismo. "Eventualmente, acho que teremos sucesso, mas não podemos ir mais rápido do que as forças de segurança iraquianas", disse ele.

Na enorme plataforma de vôo do Roosevelt --a Marinha gosta de descrever seus porta-aviões como 2 hectares de território soberano-- as coisas não parecem nada lentas. Mais de 5 mil marinheiros usando capacetes, óculos, coletes de segurança e camisas de cores diferentes (o melhor para descobrir quem está fazendo o quê) movimentam-se rapidamente entre os caças barulhentos.

Os marinheiros de camisas vermelhas são os que cuidam das bombas. Os de camisas azuis cuidam dos elevadores das aeronaves, enquanto os de camisas brancas trabalham na segurança. Os de camisa roxa cuidam do combustível, os de verde cuidam das catapultas que lançam os aviões no ar, e os de amarelo orientam os pilotos a pousar e decolar.

A temperatura no convés é de pelo menos 45ºC  e, com a umidade, a sensação térmica atinge os 65ºC. Para os aviadores, é seguir dali para o Iraque --não só para Ramadi, mas também para Beiji, onde as forças iraquianas e militantes do Estado Islâmico lutam ferozmente há meses, e Sinjar, onde a perseguição aos yazidis desencadeou os primeiros ataques aéreos norte-americanos um ano atrás, e onde os militantes do Estado Islâmico ainda lutam por território.

Nem sempre é um trabalho emocionante. Na quinta-feira passada, o tenente Michael Smallwood, 28, de Hilliard, Ohio, e o tenente John Izzo, 27 anos, de North Babylon, Nova York, decolaram em seus caças F/A-18 sob o sol escaldante um pouco depois das 16h. A sensação térmica tinha só começado a cair abaixo dos 60ºC. Depois do reabastecimento nos céus do sul do Iraque, os dois jatos seguiram primeiro para Kisik Junction, uma cidade a oeste de Mosul, onde as forças curdas lutaram contra os militantes do Estado Islâmico.

O comandante foi a Smallwood para fazer uma busca por militantes na região. Ele não viu nenhum, e quinze minutos depois, ele e Izzo precisavam reabastecer. Deixaram Kisik Junction para reabastecer, mas receberam uma ordem para ir a Beiji, ao norte de Ramadi. Lá eles procuraram novamente por militantes mas não viram nada antes de ter de retornar para o Roosevelt para fazer um "pouso preso", como se chama na Marinha --o gancho da parte de trás do avião se prende a um cabo e passa de 240 quilômetros por hora para zero em cerca de dois segundos.

Um dia frustrante? Izzo deu de ombros. "Às vezes é frustrante", disse ele. "Mas nunca é chato."

 Pilotos dos EUA fazem voos de seis horas (ida e volta) para dar cobertura aérea para as tropas iraquianas em terra. Eles destroem caminhões de grande porte, esconderijos de armas e matam combatentes

 Entre os que trabalham no USS Theodore Roosevelt, a equipe verde é responsável por cuidar das catapultas que lançam os aviões que apoiam as forças iraquianas contra o Estado Islâmico

 Os marinheiros do USS Theodore Roosevelt com a vestimenta vermelha são os responsáveis pelas bombas dos caças americanos que apoiam as forças iraquianas contra o Estado Islâmico

Porta-aviões dos EUA USS Theodore Roosevelt, no Golfo Pérsico, dá apoio às operações das forças iraquianas no combate ao Estado Islâmico. A batalha tecnológica contra o EI perde velocidade por causa do lento combate em terra

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