PRONTOS Policiais do Bope treinam operação no Corcovado. Polícias e Forças Armadas se preparam para garantir a segurança na Copa e na Olimpíada |
O atentado de Boston aumentou a preocupação das autoridades brasileiras com ações terroristas na Copa. Para o Ministério Público, estamos atrasados
O que diferencia o terrorismo
do simples homicídio está no nome. Seu objetivo é aterrorizar. Não os
mortos, cujas vidas são interrompidas sem que eles nem saibam o motivo. O
terrorismo espalha o medo entre os vivos, e seus efeitos não escolhem
grupos sociais nem respeitam fronteiras. Prédios de escritórios, bares,
aviões comerciais, trens, metrôs, hotéis, nas Américas, na Europa, na
África ou na Ásia: qualquer lugar pode ser alvo de uma ação terrorista,
desde que ela possa causar um grande número de mortos e espalhar medo.
Com 500 mil pessoas nas ruas para acompanhá-la, a Maratona de Boston
era um alvo potencial. O Brasil não tem histórico de atividades
terroristas, mas organizará, até 2016, alguns dos maiores eventos
esportivos do planeta, com a presença de delegações de todas as partes
do mundo. O Brasil pode ser escolhido por algum grupo armado como palco
de um ataque? Sim. O país pode garantir que um atentado, caso planejado,
não aconteça? Essa é a missão das autoridades brasileiras.Os preparativos para a segurança dos grandes eventos começaram há cerca
de dois anos. O governo federal distribuiu a responsabilidade da
organização entre o Ministério da Defesa e o Ministério da Justiça.
Criou até a Secretaria Extraordinária de Segurança para os Grandes
Eventos (Sesge), responsável por organizar as ações de segurança
pública. É da Sesge a responsabilidade de proteger aeroportos, estradas,
portos, rede hoteleira, locais de exibições públicas, pontos turísticos
e colaborar nos estádios e centros de treinamento. Até a Copa do Mundo
contará com quase R$ 1,2 bilhão para comprar equipamentos e distribuir a
Estados e municípios. Ao Ministério da Defesa, cabe organizar a
proteção ao espaço aéreo, à área marítima e hidroviária, a usinas
hidrelétricas, a subestações de energia e às fronteiras. No caso das
fronteiras, há uma divisão de tarefas com a Sesge. Para cumprir sua
missão, o ministério conta com R$ 768 milhões. As ações de segurança na
Copa serão coordenadas nacionalmente pela Sesge e pelo Estado-Maior
Conjunto das Forças Armadas (EMCFA).
TROPA DE ELITE Treino das Forças Especiais do Exército em Goiás. O grupo tem sido preparado para enfrentar possíveis ameaças terroristas em território brasileiro |
As iniciativas do governo, em suas várias esferas, têm sido acompanhadas de perto pelo Ministério Público Federal. O órgão criou um Grupo de Trabalho, o GT Copa, que produz balanços trimestrais sobre as medidas e os gastos para garantir a segurança na Copa das Confederações e na Copa de 2014. O último Relatório Parcial, produzido pelo procurador da República José Roberto Pimenta Oliveira e obtido com exclusividade por ÉPOCA, traz em detalhes o que os órgãos envolvidos têm – ou não – feito. A conclusão do procurador preocupa. “Considerando que a Copa das Confederações já será agora e que ela integrava todo esse planejamento, é manifesto que as providências estão atrasadas”, diz José Roberto Pimenta. “É necessária uma atuação mais eficiente da administração pública.”
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